Economia das Sociedades Cooperativas

Mercado

A  rigor,  as  cooperativas,  no Brasil,  especialmente  no  Nordeste,  carecem  de recursos humanos especializados para as  tarefas de assessoria   e de  gerenciamento, impregnados por essa ideologia de mudança.  O desempenho das cooperativas sempre ficou à mercê da boa vontade de profissionais de outros ramos, com as limitações conhecidas, que terminaram improvisando e até distorcendo o verdadeiro papel das cooperativas, resultando sistemas de avaliação inadequados e confusos.

Existem demandas efetivas para profissionais qualificados no Brasil, na Bahia e na região cacaueira, ao se considerar o grau de improvisação no preenchimento de funções importantes de natureza técnica, gerencial e administrativa em grande parte das cooperativas brasileiras. Dados oficiais revelam que existem no Brasil 7.549 cooperativas distribuídas nos diversos ramos, segundo classificação usada pela Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB:   agropecuário (1624),  consumo (170), crédito (1.066),  educacional (301), especial (7),  habitacional (313),  infraestrutura (184),  mineral (40),  produção (147), saúde (880),  trabalho (2.100), turismo e lazer (10),  transporte (698). Essas cooperativas reúnem 5 milhões de associados, representam 6% do PIB nacional e geram 171 mil empregos diretos.  Na Bahia, existem mais de 300 cooperativas registradas na organização estadual, a sua maioria  carente de profissionais com qualificação adequada, o que, de resto, é uma realidade nacional.

Na atualidade, é expressivo o crescimento de cooperativas urbanas que são constituídas e se iniciam sem contar com profissionais habilitados, notadamente devido a sua ausência. É importante  ressaltar que até recentemente as  cooperativas de trabalho (e as assim chamadas)  existiam em pequeno número e, por isso, esse avanço é insignificante diante das desigualdades existentes e do quadro de exclusão cada vez ampliado,   tanto nos centro urbanos quanto rurais, em função da chamada globalização. Há, portanto,  grande espaço a ser preenchido na formação de cooperativas saudáveis, na recuperação de muitas existentes e na reconversão de tantas outras, o que revela reais possibilidades de trabalho para profissionais bem formados.

Por outro lado, é significativo o grande crescimento do “agronegócio” dentro da economia  brasileira, embora a partilha da renda gerada nas diversas cadeias produtivas se opere de forma extremamente desproporcional, em prejuízo dos setores agrícolas. Até por isso, considerando-se relações assimétricas nessas cadeias,  os negócios agrícolas só se configuram, de fato, por meio da organização empresarial dos agricultores (antes, dentro e fora da porteira da fazenda), que cuide de atividades a jusante e a montante da produção, integrando-as verticalmente. Se a idéia de  agronegócio não pode se dissociar das cooperativas, a criação dessas sociedades, que alcancem escalas adequadas, eficientes no conjunto das atividades e não apenas na unidade de produção, significa a possibilidade cada vez maior de um mercado  promissor para profissionais com visão integral desse processo. Se não, continuarão confundido agronegócio com agricultura.

Portanto, o papel da Universidade, além da grande relevância na formação de “operadores” do cooperativismo, sintoniza-se com a intervenção institucional moderna, que é fomentar  a organização da sociedade por meio de mecanismos emancipacionistas, independentemente da “imagem” que predomina a opinião pública, a revelar apenas que algo precisa ser mudado.

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