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Entrevistas

Servidora avalia contexto da Universidade

 

Márcia Rosely Oliveira de Azevedo, em 23/01/2008.

Natural de Itabuna, é graduanda em Ciências Econômicas pela UESC e servidora efetiva da instituição desde 1998. Foi presidente do Diretório Acadêmico de Economia, do Diretório Central dos Estudantes – DCE/UESC -, e diretora estadual da União da Juventude Socialista (UJS). Participou da luta pela estadualização da UESC, do Fora Collor e de diversos movimentos locais e nacionais. Foi dirigente do Sindicato dos Servidores da UESC e membro do Conselho Universitário – CONSU, por dois mandatos. Atualmente é servidora do colegiado de Agronomia e coordenadora da União Brasileira de Mulheres – UB

 













Udo/Web –
Qual a sua expectativa com relação a um novo mandato da reitoria da UESC?

Márcia Rosely – Eu, que acompanhei de perto o processo de estadualização da FESPI, entendo que a UESC hoje pode ser chamada de universidade, pois desenvolve as indissociáveis atividades de ensino (de graduação e pós-graduação), pesquisa e extensão. Creio que houve um aperfeiçoamento na democracia interna. Os Conselhos Superiores funcionam regularmente e sem patrulhamentos; a implementação da política de cotas irá democratizar o acesso, criando condições para que as classes menos abastadas e os negros e índios possam usufruir da oportunidade de adquirir uma boa formação. Esperamos que nestes próximos quatro anos, a UESC se consolide como uma grande instituição de ensino superior, ampliando o numero de vagas para os cursos de graduação, especialmente no período noturno. Além do mais, acreditamos que, através da pesquisa e extensão, a UESC pode contribuir para superação da crise econômico-social vivenciada pela nossa região.

Udo/Web – E quais as perspectivas para os servidores técnico-administrativos da instituição?

Márcia Rosely – Temos clareza que algumas coisas dependem da reitoria, mas a maioria depende do Governo do Estado. As principais reivindicações dos servidores são relativas à recomposição das perdas salariais; valorização do nosso trabalho; a realização de concurso público, e a criação de um Plano de Cargos e Salários, especifico para a categoria. Não é papel da reitoria conceder aumento de salário, realizar concurso, viabilizar Plano de Cargos e Salários. Essas são prerrogativas do Estado. Porém, iniciamos um avanço importante ao aprovar a CPPTA – Comissão Permanente de Pessoal Técnico-administrativo, estabelecendo regras para a capacitação dos servidores e para o acompanhamento da política de recursos humanos. Mas, se não ampliarmos o quadro será impossível viabilizar um número grande de servidores capacitados, sobretudo quando houver necessidade de afastamento das respectivas funções. Entendo que o dialogo sincero da categoria com a reitoria e com o governo é o principal ponto. Eles precisam, de forma convincente, apresentar suas dificuldades e propor melhorias a curto, médio e longo prazos, estabelecendo metas claras, senão muitos servidores podem buscar outros caminhos, como já vem acontecendo.

Udo/Web – No que diz respeito ao plano de capacitação dos servidores, quais vertentes devem ser priorizadas?

Márcia Rosely – A resolução CONSU nº 01/2007, no seu artigo 8º, assevera que o Plano Institucional de Capacitação do Servidor Técnico-Administrativo deverá ser elaborado pela CDRH (Coordenação de Desenvolvimento dos Recursos Humanos), com base em diagnóstico dos diferentes setores, apreciado pela CPPTA e aprovado pelo Conselho Universitário (CONSU). Esse diagnóstico é imprescindível para que a instituição possa conhecer as reais necessidades, tanto dos setores da UESC, como do ponto de vista individual de desenvolvimento do próprio servidor.

Udo/Web – Na sua visão, quais as prioridades para gestão da Universidade?

Márcia Rosely – Na primeira gestão, o professor Joaquim conseguiu aperfeiçoar o modelo binário, desenvolveu um importante plano de capacitação docente, avançou nas políticas de pesquisa e extensão (esta passou a ser relacionar como os movimentos sociais), cumpriu a promessa do voto paritário, viabilizou a política de cotas, promoveu vários servidores – que hoje demonstram que temos capacidade de assumir postos de direção, investiu nas estruturas de laboratórios, hospital veterinário, quadra esportiva. No entanto, alguns problemas persistem. As licenciaturas necessitam da adoção de uma política que as valorizem. A carência de espaços de sala de aula e de vivencia; a definição de linhas prioritárias de pesquisa e extensão, sintonizadas com o processo de desenvolvimento regional; a adoção de uma consistente política de assistência estudantil que dê sustentabilidade à política de democratização do acesso; a melhoria da relação com os egressos; e, a implementação do Plano Institucional de Capacitação dos Servidores, são problemas que precisam ser resolvidos. Sabemos que estes e outros aspectos são abordados no Programa de Gestão Universitária (2008-2011) e nós estaremos acompanhando e contribuindo para seu desdobramento, na medida do possível.

Udo/Web – E quais os desafios para o ensino superior na atual conjuntura?

Márcia Rosely – A Universidade brasileira viveu um momento muito difícil. O pensamento neoliberal, além de sucatear as Universidades Públicas, sufocou o debate político durante vários anos. O chamado pensamento único contribuiu para a crise da produção teórica. Com o atual governo federal, a situação mudou. As universidades são chamadas a contribuir para o novo ciclo desenvolvimentista. Não que elas venham se transformar em agências de desenvolvimento, mas para a formulação teórica de enfrentamento à crise, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitem a retomada do crescimento econômico com inclusão social.

Udo/Web – E na Bahia, como fica essa situação?

Márcia Rosely – A Bahia foi um laboratório do neoliberalismo durante um bom tempo. Aqui se privatizou de tudo: o Baneb, a Coelba, a Telebahia, além de extinguir a Bahiafarma e sucatear a FAPESB. O governo Wagner reacende a esperança do povo baiano e cria novos desafios para as universidades estaduais, que vinham sendo sufocadas pela política neoliberal. É tanto que o déficit de servidores, principalmente da UESC, é absurdo. Porém, as universidades necessitam de maiores investimentos e da definição de linhas prioritárias de pesquisa e extensão.

Udo/Web – No contexto do desenvolvimento regional, que papel a universidade deve assumir nesse momento?

Márcia Rosely – Entendo que a Universidade deveria intensificar a pesquisa e extensão relativas à diversificação da agricultura, com ênfase para a agroindústria, preservação da Mata Atlântica e fortalecimento da agricultura familiar. O desenvolvimento da indústria do turismo é outro aspecto importante, mas a universidade não pode prescindir do fortalecimento de cursos que assegurem a inovação tecnológica e das áreas sociais, especialmente as áreas de saúde e educação. Deve buscar a formação de profissionais/cidadãos que efetivamente interfiram na realidade regional objetivando o desenvolvimento sustentável.
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