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Pesquisadores mapeiam diversidade individual de mamíferos na Mata Atlântica

01/02/2018 - Assinado pela ASCOM

Cada pessoa é distinta uma da outra, uns são gordos outros nem tanto, e assim também são os animais. Todo mundo sabe que uma onça é maior que um rato, mas como varia o tamanho entre as onças? Um trabalho recém-publicado na prestigiosa revista norte-americana Ecology, liderado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Rio Claro-SP, e que contou com a participação de professores da UESC, desvendou a grande variação de peso de 279 espécies de mamíferos e mais de 39 mil indivíduos em toda a Mata Atlântica do Brasil, Argentina e Paraguai (Figura 1). Os autores demonstraram a enorme variação de peso entre as espécies, mas mesmo dentro da mesma espécie essa variação pode chegar a até 5 vezes. Por exemplo, uma onça-parda (suçuarana) adulta que vive na floresta do Parque Nacional do Iguaçu no Paraná chega a ser quase 2 vezes mais pesada que as onças-pardas em pequenas florestas do Estado de São Paulo ou na Chapada Diamantina.

            O peso é uma das características que influencia a capacidade de sobrevivência de um animal em ambientes antropizados (mudanças causadas pela atividade do ser humano). Inspirados na capacidade dessa medida corporal revelar dados sobre mecanismos de ajuste ao ambiente e historia natural, se organizaram as informações de 388 populações de mamíferos na Mata Atlântica. O resultado é o maior inventário de mamíferos terrestres e voadores da Mata Atlântica. Com a participação de 96 autores, e coordenado pelo pesquisador Fernando Gonçalves, esse trabalho será uma ferramenta de trabalho para mais estudos mastozoólogicos.

"Esse estudo é um compilado dos esforços de mais de 100 anos de pesquisa na Mata Atlântica e de vários profissionais que se dedicam à conservação desses mamíferos. Não fazia sentido informações tão ricas e de tanta qualidade ficarem espalhadas. Em conjunto, elas podem ajudar a entender a historia natural e principalmente entender a conservação de diversas espécies", afirma Fernando.

O trabalho é parte de uma grande iniciativa elaborada pelo Prof. Dr. Mauro Galetti (LABIC-Unesp) e Prof. Dr. Milton Ribeiro (LEEC-Unesp): o ATLANTIC-SERIES. Esta iniciativa, que conta com a participação de professores da UESC, está disponibilizando grandes bancos de dados sobre a biodiversidade na Floresta Atlântica para que possam ser utilizados pela comunidade de cientistas do mundo todo. “A Mata Atlântica é a floresta tropical mais bem conhecida do mundo, mas muitos dados estão em português, o que inibe outros cientistas de usá-los” afirma Galetti.

Para o levantamento, foram utilizadas informações de capturas espalhadas por 388 áreas e possui informações morfológicas de 16.840 indivíduos de 181 espécies de mamíferos terrestres e de 23.010 indivíduos de 98 espécies de morcegos. “Esse é  a maior compilação de informações individuais de mamíferos em um único bioma” complementa Galetti.

Com essas informações em mãos, os pesquisadores podem estudar se os indivíduos poderão se adaptar a mudanças climáticas, e buscar entender porque alguns indivíduos são maiores que outros.

Os dados correspondentes ao Estado da Bahia foram majoritariamente fornecidos pelos professores do DCB e Curadores da Coleção de Mamíferos “Alexandre Rodrigues Ferreira” da UESC (Martín R. Alvarez e Deborah Faria). Participaram também desta publicação outros colaboradores da Coleção: Prof. Júlio Baumgarten (DCB), o Técnico Bach. Elson O. Rios e os alunos de pós-graduação Felipe Vélez-García e Adna Silva.

 

Figura 1. Distribuição das populações de mamíferos terrestres (esquerda) e voadores (direita) pesquisadas. O tamanho dos círculos indica o número de indivíduos amostrados de cada população, o cor cinza significa a distribuição histórica da Mata Atlântica com manchas de floresta remanescentes em verde.

Figura 2. Distribuição dos pesos de mamíferos da Mata Atlântica da América do Sul. A linha tracejada representa 1000 g.

 

Gonçalves, F. Bovendorp, R. S. Beca, G. Bello, C. Costa-Pereira, R. Muylaert, R. L. Rodarte, R. R. Villar, N. Souza, R. Graipel, M. E. Cherem, J. J. Faria, D. Baumgarten, J. Alvarez, M. R. Vieira, E. M. Caceres, N. Pardini, R. Leite, Y. L. R. Costa, L. P. Mello, M. A. R. Fischer, E. Passos, F. C. Varzinczak, L. H. Prevedello, J. A. Cruz-Neto, A. P. , Carvalho, F. Percequillo, A. R. Paviolo, A. Nava, A. Duarte, J. M. B. Sancha, N. U. L. Bernard, E. Morato, R. G. Ribeiro, J. F. Becker, R. G. Paise, G. Tomasi, P. S. Velez-Garcia, F. Melo, G. L. Sponchiado, J. Cerezer, F. Barros, M. A. S. Souza, A. Q. S. Santos, C. C. Gine, G. A. F. Kerches-Rogeri, P. Weber, M. M. Ambar, G. Cabrera-Martinez, L. V. Eriksson, A.F. Silveira, M. Santos, C. F. Alves, L. Barbier, E. Rezende, G. C. Garbino, G. S. T. Rios, E. O. Silva, A. Nascimento, A. T. A. Carvalho, R. S. Feijo, A. Arrabal, J. Agostini, I. Lamattina, D. Costa, S. Vanderhoeven, E. Melo, F. R. Laroque, P. O. Jerusalinsky, L. Valenca-Montenegro, M. M. Martins, A. B. Ludwig, G. Azevedo, R. B. Anzoategui, A. Silva, M. X. Moraes, M. F. D. Vogliotti, A. Gatti, A. Puttker, T. Barros, C. S. Martins, T. K. Keuroghlian, A. Eaton, D. P. Neves, C. L. Nardi, M. S. Braga, C. Goncalves, P. R. Srbek-Araujo, A. C. Mendes, P. Oliveira, J. A. Soares, F. A. M. Rocha, P. A. Crawshaw Jr, P. Ribeiro, M. C. Galetti, M. 2018. Atlantic Mammal Traits: a dataset of morphological traits of mammals in the Atlantic Forest of South America. Ecology.

 

Contato

Dr. Fernando Gonçalves

Laboratório de Biologia da Conservação (LABIC)

Instituto de Biociências, Departamento de Ecologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Rio Claro- SP

fhmgoncalves@gmail.com




            


 
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