Carla Milani Damião
(UESC - Coordenadora)


Edvaldo Souza Couto
(UFBA - Coordenador)


Ernani Chaves
(UFPA)


Georg Otte
(UFMG)


Günter Pressler
(UFPA)


Jeanne Marie Gagnebin
(UNICAMP / PUC-SP)


João Emiliano Fortaleza Aquino
(UECE)


Kátia Rodrigues Muricy
(PUC-RJ)



Márcio Seligmann-Silva
(UNICAMP)


Olgária Matos

(UNIFESP)


Romero Alves Freitas
(UFOP)


Sonia Miguel Campaner Ferrari
(PUC-SP)


Suzana Kampff-Lages (UFF)


Willi Bolle
(USP)




Amon Pinho
(UFU e Universidade de Lisboa)



Anita Helena Schlesener
(UTP)


Bernardo Barros Coelho de Olveira
(UFES)



Cristiano Augusto da Silva Jutgla
(UESC)



Francisco de A. Pinheiro Machado
(UNIFESP)



Gustavo Chataignier Gadelha da Costa
(PUC-RJ)



Imaculada Kangussu
(UFOP)



João C. Galvão Jr.
(UFRJ)



Luciano Gatti
(FAPESP)



Marcos André de Barros
(UFS)



Mirtes Marins de Oliveira
(Universidade de Sta. Marcelina - SP)



Natalino da Silva de Oliveira
(UFMG)



Patrícia Lavelle
(EHESS, França)



Pedro Süssekind

(UFOP)



Rita de Cássia Lucena Velloso

(PUC-MG)



Vinícius Nicastro Honesko
(UFSC)



Wolfgang Bock

(DAAD/UNIRIO)



Artefilosofia, n. 06. Ouro Preto: Tessitura, abril de 2009.

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Não seria de forma alguma um exagero dizer que os estudos benjaminianos no Brasil atingiram o momento da sua maturidade. O Dossiê que se segue pretende servir de testemunha a esse momento, mostrando que a pesquisa brasileira sobre Walter Benjamin tem se expandido tanto no sentido do rigor teórico quanto no da diversidade temática.

Numa ponta, ele apresenta um texto chave da bibliografia benjaminiana, um ensaio publicado por Peter Szondi nos longínquos anos 60, bem antes do surgimento da “filologia benjaminiana” que tomaria conta dos estudos acadêmicos a partir dos anos 80. Trata-se de Esperança no passado , um brilhante estudo da leitura que Benjamin faz de Proust, demonstrando que, mais do que uma recepção crítica particular (preocupada com as distorções da primeira leitura alemã de Proust), Benjamin pretendia criar uma espécie de ampliação da mémoire involuntaire proustiana para o âmbito histórico-social, propondo uma original investigação a respeito dos movimentos da memória e do esquecimento (coletivos e individuais) que constituem o “inconsciente histórico”.

Na outra “ponta”, o Dossiê Walter Benjamin apresenta uma entrevista com a professora Jeanne Marie Gagnebin (PUC-SP/UNICAMP), certamente uma das pessoas que mais contribuíram para o atual estado da pesquisa brasileira em torno de Walter Benjamin. Girando em torno do mote “a estética é ligada à política”, a conversa (entretida no Café Empório, em Canela, RS) tratou de temas clássicos do pensamento benjaminiano, como a memória e o esquecimento em contextos políticos e culturais, mas tratou também de questões relativamente novas, como a do “produtivismo” que hoje impera no ambiente acadêmico (ela nos lembra, por exemplo, que Adorno já em 1947 se referia à existência de uma “empresa” – Betrieb – acadêmica).

O miolo do Dossiê consiste em 6 ensaios sobre diferentes aspectos do pensamento benjaminiano, sempre enfocando algum ponto importante do seu pensamento estético. Em “A construção do crítico: Benjamin e os românticos”, Bernardo Barros Coelho de Oliveira relê a tese de doutorado de Benjamin ( O conceito de crítica de arte no romantismo alemão ), procurando mostrar como Friedrich Schlegel e Friedrich von Hardenberg (Novalis) enriqueceram enormemente a noção de “crítico de arte” (por oposição à idéia de “juiz de arte”). No texto “Berlim revisitada ou a cidade da memória: ‘Infância em Berlim por volta de 1900' ”, Ana Martins Marques nos mostra o entrelaçamento de autobiografia, ficção e ensaio que faz da Berliner Kindheit um texto singular e desafiador. Em “A resenha ‘Crise do Romance' de Walter Benjamin: Alfred Döblin e Berlin Alexanderplatz”, Carla Milani Damião debruça-se sobre um texto de Benjamin que foi mais comentado pelos historiadores da literatura do que pelos filósofos da arte. Entretanto, como a autora nos mostra, a leitura da resenha de Benjamin sobre o romance de Döblin é essencial para se compreender adequadamente alguns aspectos da teoria benjaminiana da narrativa, sobretudo a negligenciada categoria do “épico”. No texto “ Der zweite Versuch der Kunst, sich mit der Technik auseinanderzusetzen : Walter Benjamin e o Jugendstil ”, Ernani Chaves procura estudar a interpretação benjaminiana do Jugendstil (equivalente alemão do Art Nouveau francês), apontando para uma problemática central em Benjamin: a da historicização da relação entre a arte e a técnica. “Imagens de pensamento em Walter Benjamin ”, de Aléxia Bretas, trata da teoria benjaminiana da escrita e do papel central que a imagem desempenha naquilo que poderíamos chamar de “o método benjaminiano”. Por fim, “Walter Benjamin e o surrealismo: escrita e iluminação profana”, de Luciano Gatti, se ocupa da interpretação benjaminiana do surrealismo, enfatizando como essa interpretação se dá num domínio essencialmente político, e, não descuidando do fato de que a leitura de Benjamin é também uma “correção” da estética surrealista, procura apontar para uma espécie de ultrapassagem do surrealismo a partir do interior dele mesmo (isto é, fazendo a passagem das “imagens de sonho” para a “instância do despertar”).

Romero Freitas
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