Elvira Schaun Foeppel
nasceu em 15 de agosto de 1923, em Canavieiras, Bahia, porém foi
criada em Pontal de Ilhéus. Era filha de um casal baiano de
ascendência alemã, Frederico Affonso Foeppel (1900-1975) e
Eulina Schaun Foeppel (1899-1979). O pai de Elvira formou-se em
Odontologia, mas nunca exerceu a profissão porque foi trabalhar
nos Correios e Telégrafos como telegrafista e a mãe era
dona de casa. Elvira Foeppel recebeu instrução formal,
concluindo o curso de magistério no Convento Nossa Senhora da
Piedade, em Ilhéus, em 1943. Participou, desde cedo, de
atividades culturais e, ainda no Curso Fundamental, pela primeira vez,
encenou uma peça teatral, "Divorciados" (comédia de
três atos), de Oduvaldo Vianna, no Teatro de Ilhéus, em
1938. No ano seguinte, 1939, Elvira Foeppel voltou ao teatro, desta vez
na peça “As Máscaras”, de Menotti del
Picchia. Seu primeiro trabalho profissional foi como colaboradora do
jornal Diário da Tarde, editado na cidade, escrevendo poemas.
Sua colaboração no jornal foi de 1944 até 1947,
com um total de 23 poemas publicados. Em 1947, aos 24 anos,
transferiu-se para o Rio de Janeiro em busca de maiores oportunidades
na carreira literária e lá residiu até falecer em
28 de julho de 1998, aos 74 anos, vítima de várias
complicações resultantes de um acidente vascular cerebral
anterior. Elvira Foeppel mudou-se para o Rio de Janeiro, inicialmente,
sozinha, mas com o apoio dos pais, que sempre a respeitaram e
incentivaram sua escolha de ser escritora. Empregou-se como
secretária na Revista Súmula Trabalhista, da
Legislação Federal, chegando ao posto de redatora chefe,
cargo no qual se aposentou no início dos anos 80. Embora
trabalhasse em função burocrática, continuou a
dedicar-se à vida literária, sendo a maior concentrando
de sua produção entre os anos 50 e o fim dos anos 70.
Elvira Foeppel conviveu, ainda nos tempos de Ilhéus, com
intelectuais e escritores como Adonias Filho, Cyro de Mattos,
Hélio Pólvora, Dorival de Freitas, Sosígenes
Costa, Raimundo de Sá Barreto e Jorge Amado. Essa
convivência foi relevante para construir a sua
formação literária, cujas leituras variavam de
entre as obras de Jean Paul Sartre, Lawrence Durell, James Joyce,
Simone de Beauvoir, Arthur Miller e Clarice Lispector, de quem era
amiga. Como amiga, Clarice Lispector a incentivava, inclusive
comparecendo ao lançamento do seu livro Muro Frio, em 1961. No
Rio de Janeiro ampliou seu círculo de amizades participando de
reuniões com jornalistas e escritores em viga na década
de 50, entre eles alguns velhos conhecidos como Sosígenes Costa
e Adonias Filho, e outros forma acrescentados como Jorge Medauar,
Homero Homem, José Cândido Carvalho, Walmir Ayala e
Nélida Piñon. Sobre a sua personalidade intelectual,
Hélio Pólvora escreveu: "Muito lida, conhecedora dos bons
textos em prosa e verso, amadurecida, Elvira destacava-se
intelectualmente em seu meio. Uma mulher que sabia das coisas." Elvira
Foeppel deixou uma pequena produção édita formada,
apenas, três livros em gêneros literários diversos:
Chão e Poesia, 1956; Círculo do Medo, 1960; Muro Frio,
1961; no entanto, sua produção dispersa se estende por
crônicas, artigos, poemas e contos publicados em diversos jornais
e revistas do Rio de Janeiro, além de um vasto material
poético no Diário de Ilhéus. Pelos depoimentos de
seus familiares ainda existe um romance inédito intitulado
Íntimos da Morte, que parece ter sido sua última
produção. Memória Nua, um romance, não pode
ser recuperado porque os originais desapareceram no incêndio na
Editora Leitura.
Fonte: Vanilda Mazzoni e Ivia Alves