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Entrevistas

Precisamos definir nossas áreas estratégicas de pesquisa

 

Entrevista com a Reitora Adélia Pinheiro, em 17/08/2012.

A professora Adélia Pinheiro atualmente é a reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz. Foi pró-reitora de Graduação (2006-08). Possui graduação em Medicina pela UFBa, residência em Medicina Social, mestrado em Saúde Coletiva e doutorado em Saúde Pública pela USP(2003). Integra o Departamento de Saúde da UESC desde 1990. A experiência na gestão universitária começou como Gerente de Pós-Graduação da UESC, função que exerceu entre 1994 e 1995; Gerente Acadêmica (2000-2004), e vice-coordenadora do curso de Medicina (2002-2006). Preside o Fórum de Reitores das Universidades Estaduais da Bahia

 











 

 
Núcleo Web - Senhora Reitora, após seis meses à frente da Administração Superior da Universidade Estadual de Santa Cruz, como avalia o papel institucional da Universidade no cenário regional e da Bahia? 

Reitora Adélia Pinheiro -
Uma avaliação importante que precisamos fazer é a necessidade da UESC protagonizar todas as principais discussões e diálogos que se façam na região, em prol do desenvolvimento regional, em prol do avanço em qualquer aspecto, e também estar presente na busca das soluções para os principais problemas da região. O que é aguardado pela comunidade regional e que, por outro lado, é missão da instituição, é estar presente em todos esses cenários. É dessa forma que entendemos que a participação da Universidade na formação graduada de pessoas da região, como uma instituição de ensino superior, não pode se fazer distante da realidade e da necessidade da região, na implantação de novos cursos de graduação, de pós-graduação ou cursos de extensão, na realização de pesquisas que estejam estreitamente relacionadas aos problemas da região. E na Extensão, da mesma forma, não se desvincular da região, ainda que não seja cabível uma Universidade se voltar somente para os interesses e problemas de uma região. Ela precisa também se projetar para fora dessa região, e é assim que se consolida enquanto uma instituição universitária. Por outro lado, precisamos localizar que no cenário baiano – e aí já estou fazendo uma ampliação de contexto – é importante também que a Universidade esteja presente, marque a sua presença, como marque a sua produção, no sentido amplo. E é dessa forma que, nesses seis meses, marcamos essa presença sediando a 3ª Reunião de Reitores das Instituições de Ensino Superior Públicas, que fizemos em maio, desempenhamos a presidência do Fórum de Reitores das Universidades Estaduais da Bahia e temos atuado em todos os espaços disponíveis de discussão da implantação da Universidade Federal do Sul da Bahia. No cenário nacional, a nossa participação vem se fazendo de forma constante através da ABRUEM – Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais, uma instância importante na qual temos a oportunidade de reafirmar os compromissos da UESC e, ao mesmo tempo, participar da defesa das linhas de trabalho da UESC, da definição e amadurecimento de políticas públicas, nas diversas instâncias e esferas do Governo Federal. E também pensando dessa forma é que nos propusemos a compor a nova diretoria da ABRUEM, empossada no dia 8, fazendo parte do Conselho Deliberativo. A ABRUEM tem importantes ações a desempenhar, e vou destacar algumas, tais como, a participação nas discussões para inclusão no orçamento da União em recursos de custeio para as universidades estaduais e municipais. Atualmente, estamos trabalhando com a produção de dados que demonstram a importância das universidades estaduais e municipais no que diz respeito ao ensino superior público no país. Temos hoje uma participação que monta cerca de 40% de todos os estudantes de ensino superior em instituições públicas do país vinculada às universidades estaduais e municipais, e estas têm financiamento exclusivamente estadual para ações de custeio. Obviamente que para outras ações, as universidades disputam em editais competitivos, enfim, em igualdade de condições às instituições federais. Mas para recursos de custeio não, não recebemos qualquer investimento do Governo Federal e é justo que essas instituições recebam. Essa é uma ação estratégica importante da ABRUEM, da qual temos feito parte. No primeiro semestre, participamos de uma missão que foi recebida em audiência pelo vice-presidente da República; foi uma audiência estratégica para defender este ponto de vista - que obtivemos sucesso - e estamos caminhando para obter essa inclusão no orçamento da União.

NW - Quais as perspectivas de criação de novos cursos de graduação na UESC?  

AP -
No PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) atual há a previsão de implantação de novos cursos. Entretanto, precisamos olhar também para o contexto pelo qual passamos. Assim, lidamos com a informação vinda do Governo Estadual às quatro universidades estaduais, que tramitará na Assembléia Legislativa o projeto de lei da autonomia. Nós não temos conhecimento desse projeto de lei, o teor dele é desconhecido dos reitores e, portanto, não temos a ideia clara de como se projeta o futuro para as universidades. É dessa forma que a minha avaliação é de cautela, neste momento, para a implantação de novos cursos que, ainda que constem no PDI, venham a trazer impacto imediato à estrutura universitária, de forma mais objetiva, que venha trazer impacto imediato sobre corpo docente, corpo funcional ou estrutura física. Então, o respeito ao que está previsto no PDI, neste momento não pode ser visto e analisado pela comunidade acadêmica, nem pelos gestores universitários – a administração superior e administração setorial, com destaque para os departamentos, fazer a análise de forma separada -, é necessário olhar também o que nós temos sinalizado no futuro imediato da Universidade. 

NW - Com o fim do processo seletivo por meio do vestibular, qual a expectativa com a nova política de acesso aos cursos de graduação exclusivamente através do sistema ENEM/SISU?

AP - No início de 2012, já utilizamos o ENEM/SISU como a forma de acesso para 50% das nossas vagas e pudemos constatar de forma ainda pouco sistematizada algumas modificações, e acredito que a comunidade acadêmica tenha feito também essa leitura. Um exemplo disso é que as chamadas para ocupação de vagas relativas ao SISU foram em maior número do que aquelas relativas ao vestibular. No momento em que esse candidato é classificado e é convocado para a matrícula, ele precisa avaliar as condições materiais para que venha fazer matrícula e, de fato, possa fazer parte do curso. Aí há um custo envolvido nisso. Isso quer dizer concretamente – essa é a minha explicação: o número de candidatos convocados que não confirmaram a matrícula foi maior no SISU do que através do vestibular. Isso é um aprendizado. Por outro lado, constatamos também – volto a destacar, a grosso modo – que apesar de nas primeiras classificações do SISU, o número de candidatos de fora da região ser maior que no vestibular, a matrícula não se fez dessa forma, ou seja, a confirmação da ocupação da vaga. Entretanto, nós ainda precisamos analisar e tratar de forma mais sistematizada esses dados do SISU. Mas também posso destacar como um ganho, uma qualidade do SISU, que cursos que através do vestibular nós não conseguíamos ocupar a totalidade de vagas, cursos de menor concorrência e menor demanda, através do SISU conseguimos fazer a ocupação da totalidade dessas vagas. Então, o que temos como aprendizado importante: as chamadas do SISU precisam ser mais ágeis ou estudarmos uma nova forma de fazer as chamadas subseqüentes e, ao mesmo tempo, analisar os dados que temos hoje do SISU – isso está em processo – para que no próximo processo seletivo, através do ENEM/SISU, já para entrada em 2013, possamos ter um maior aproveitamento desse sistema, que é de boa qualidade, nos oferece ganhos importantes, mas que precisamos aproveitá-lo da melhor forma possível.

NW - Professora, que dimensão a política de assistência estudantil da UESC terá daqui pra frente?

AP - Atualmente, nós temos feito investimentos importantes com recursos próprios do Tesouro Estadual na assistência estudantil, entretanto, não há formalização de uma política de assistência estudantil. Esse é um compromisso nosso. Exatamente para cumprir este compromisso, está designada uma comissão que tem a participação dos professores e dos estudantes, e que tem por objetivo apresentar uma proposta de política de assistência estudantil, que será submetida ao Conselho. E aí, a partir dessa política, deliberada, aprovada pelo Conselho, nós permanecermos fazendo investimentos importantes na assistência estudantil. É importante destacar que essa comissão foi designada exatamente para que fizesse uma discussão nas bases e uma elaboração a partir da ausculta, com destaque para o segmento estudantil. É necessária uma política estudantil que dê conta dos interesses da instituição UESC, mas que esteja em consonância também com a percepção e com a expectativa do segmento de estudantes, e que seja, antes de tudo, uma política concebida a partir da participação das pessoas que compõem a comunidade acadêmica de forma democrática. Destaco que o investimento direto da Universidade para o ano de 2012, já sinalizado para o ano de 2013, em ações de assistência estudantil, responde por 1,7% do orçamento global da instituição, e se considerarmos apenas o orçamento para investimento, chegamos a uma proporção de 20%. São recursos consideráveis que deverão ser agregados aos recursos advindos do Pnaest, ao qual apresentamos projeto no início de junho; são recursos da esfera federal e que têm também uma aplicação direta e específica voltada para a assistência estudantil. É claro que quando falamos em assistência estudantil, estamos nos referindo a um conjunto de ações que se voltem para apoiar o estudante, apoiar a sua permanência, apoiar uma permanência de qualidade, para que tenhamos, no menor tempo necessário, a formação desses estudantes, a formação graduada que envolva a participação não somente nas atividades de ensino, mas também de extensão e de pesquisa. E que o credencie - se ele quiser - às atividades de pós-graduação, e ao mesmo tempo o coloque com um perfil em consonância com as demandas da sociedade. E aí não podemos deixar de ressaltar que nessa formação ele tenha os conteúdos da atuação cidadã, empreendedora, socialmente responsável. É dessa forma que imaginamos o trajeto da política de assistência estudantil nesta Universidade.

NW - E quais as possibilidades de expansão na área de pós-graduação?

AP - A UESC hoje responde, dentre as instituições estaduais da Bahia, pelo maior número de cursos de pós-graduação stricto sensu. Apresentamos, recentemente, oito propostas de cursos novos, stricto sensu, para implantação, e temos alta expectativa na aprovação desses cursos pela Capes ou de boa parte deles. O que caracteriza esse conjunto de projetos que foi apresentado é um maior espraiamento para outras áreas de conhecimento em que, no momento, não temos cursos de pós-graduação stricto sensu, a exemplo da área de história e da área da saúde. É compromisso nosso, e é coerente com a Política Nacional de Pós-Graduação, desenvolver ações concretas que se voltem para minimizar as assimetrias. No Plano Nacional de Pós-Graduação, essas assimetrias estão localizadas seja por área de conhecimento, seja por região de desenvolvimento desses cursos – Norte/Nordeste, menor número de cursos de pós-graduação do que Sul e Sudeste. Algumas áreas de conhecimento têm maior concentração de cursos no Brasil como um todo. Algumas áreas de saúde no Nordeste não têm cursos de pós-graduação stricto sensu. Então, a assimetria nacional está reconhecida e ela vem sendo objeto do atual e do último Plano Nacional de Pós-Graduação. Nós temos as nossas assimetrias internas, então há uma grande concentração dos cursos atuais na área de biológicas. E com isso não faço nenhum desvalor, pelo contrário, reconheço que nós temos uma competência que foi construída, que fez com que nós tenhamos essa concentração. Mas é necessário, projetando a Universidade para o futuro, também ter cursos em outras áreas que permitam não somente a oportunidade da formação de pessoal de alto nível em diferentes áreas de conhecimento. Então, a apresentação dessas oito propostas de cursos novos nos trouxe uma grande satisfação e também um grande compromisso. Aprovados esses cursos, temos, claro, que apoia-los para que o seu processo de implantação se faça com a maior qualidade. E é dessa forma também que permanecemos com investimento na qualificação do corpo docente, apoio a pesquisa e publicação, e aí já fazendo um link entre a pós-graduação e a pesquisa. 

NW - E na área de Extensão, como a senhora vê o desempenho nesse setor?

AP -
Temos registrado nosso compromisso com a continuidade da nossa inserção no desenvolvimento de políticas públicas estaduais importantes, como a Universidade Para Todos (UPT) e o TOPA (Todos pela Alfabetização), fazendo o enfrentamento de todo o déficit que a Bahia tem no que diz respeito à alfabetização da sua população. Mas precisamos também reforçar a integração da extensão com a pesquisa e o ensino. A extensão universitária se faz principalmente como resultado das demais ações finalísticas desenvolvidas e qualifica as três dimensões finalísticas de uma instituição de Ensino Superior. E, da mesma forma, trabalhar com ações de estímulo àquelas áreas de conhecimento que têm menor produção em extensão. Temos aqui na Universidade também, no que diz respeito à extensão, uma assimetria que precisa e deve ser contornada. O apoio aos departamentos, com reforço ao investimento e aos recursos orçamentários de extensão para 2013, isso é um destaque que temos perseguido.

NW - No que se refere à infra-estrutura, que desafios se impõem à instituição nesse momento?

AP -
Tivemos, nos últimos anos, um grande crescimento da estrutura física da Universidade, e isso é resultado do seu crescimento e também da sua complexificação, com a construção de pavilhões de aulas e de unidades laboratoriais. É importante, portanto, mantermos esse crescimento. Se eu falo que apresentamos oito propostas de novos cursos de pós-graduação, é necessário que haja um lugar, uma estrutura física compatível com essa implantação de novos cursos. Portanto, é necessário mantermos as políticas internas de ampliação da estrutura física. Temos financiamento externo garantido para construção de pavilhões, de ampliação de pavilhões já existentes, a exemplo do pavilhão Max de Menezes, a exemplo do CBG (Centro de Biotecnologia e Genética), do laboratório de biossegurança. Temos também recursos garantidos, através de emendas parlamentares e de bancada, para construção de novas unidades, estas de apoio - que chamo de vida acadêmica, seja construção de creche, unidade de saúde, residência universitária, mas também uma emenda de bancada para construção de um pavilhão. E não podemos descuidar da infraestrutura para esse crescimento. Então, já está sinalizada a construção de um laboratório de tratamento de resíduos químicos. A Universidade já produz uma quantidade de resíduos químicos dos seus laboratórios que demonstra a necessidade de termos esse tratamento - ele é feito, atualmente, com grande cuidado, mas por empresa terceirizada, sem uma estrutura física própria específica. Faremos, portanto, a construção dessa unidade de tratamento de resíduos químicos. É necessário o investimento em acessibilidade no campus, que também está em tramitação, como a manutenção das estruturas já existentes. Este ano ainda faremos a reforma de dois conjuntos de telhados - isso é manutenção, não podemos descuidar -, tanto do telhado da Biblioteca, do Auditório Paulo Souto e do hall, como também do telhado do Restaurante Universitário, sem deixar, com tudo isso, de cuidar do saneamento da Universidade.

NW - Em 2011, a Universidade realizou concurso público para admissão de novos servidores técnicos administrativos. Essas contratações foram suficientes para atender a demanda interna da UESC?

AP -
Nós tivemos no concurso público algumas vagas de analistas universitários que não foram preenchidas porque não houve candidato inscrito ou não houve candidato aprovado. No final desse ano, nesse segundo semestre, nós deveremos divulgar novo edital que busque a ocupação dessas vagas. E fizemos uma incorporação, em 2011, de um conjunto bastante grande de técnico-administrativos, tanto de nível médio e de nível superior. É claro que o crescimento constante da Universidade impõe que novas contratações pouco a pouco sejam feitas. No segundo semestre de 2012, faremos mais um conjunto de contratações de técnico-administrativos, poucos analistas, para fazer frente às demandas internas de atividades meio voltadas para o apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão. Mas, de certo, que hoje temos uma situação muito melhor do que tínhamos até o ano de 2010, com uma carência bastante grande de técnico-administrativos. Atualmente, estamos em processo de eleição para composição da CPPTA (Comissão Permanente de Pessoal Técnico Administrativo), e discutindo e informando ao Governo do Estado a importância que hoje tem a regulamentação do plano de cargos e salários. Em 2009, fizemos um enquadramento e, neste momento, se tivéssemos o plano de cargos regulamentado já poderia haver modificação e progressão desses funcionários. Então, estamos demonstrando todo o tempo ao Governo que é importante essa regulamentação e temos algumas sinalizações que ela está em curso. Portanto, a partir da CPPTA e regulamentação do plano de cargos, temos um novo cenário no que diz respeito à inserção dos técnico-administrativos. E, ao mesmo tempo, precisamos fazer e dar conta de um contínuo de oportunidades de qualificação do técnico-administrativo, através de cursos de curta duração ou de duração mais longa, que venham a qualificar o corpo técnico-administrativo da Universidade e confirmar o protagonismo que nós temos na qualidade do serviço público prestado aqui na instituição.

NW - Qual perspectiva de funcionamento do IPAF?

AP - O IPAF está atualmente cumprindo uma segunda fase de construção, com algumas intervenções físicas e ao finalizar essa etapa, entra na etapa de equipamentos, formação e treinamento de equipe, tanto de gestão como de operação. Então, não é uma unidade que vai entrar em funcionamento em curto espaço de tempo. Mas ela se faz uma unidade extremamente importante para a Universidade, para a região – aí não falo somente na região imediata, na região cacaueira, grapiúna, enfim -, mas para toda a Região Nordeste, uma vez que aquele Instituto, aquele conjunto de laboratórios, vai prestar serviços para verificação de qualidade de produtos para exportação e também para consumo interno. Mas, de fato, ele não tem planejamento de funcionamento de curto espaço de tempo e sim de médio espaço de tempo.

NW - Como a UESC pretende avançar nas áreas de pesquisa e tecnologia?

AP - 
Temos, atualmente, um conjunto em torno de 250 projetos de pesquisa que anualmente são desenvolvidos na Universidade, e um corpo docente competente para isso. É crescente a capacidade de captação de recursos externos pela Universidade, bem como é crescente a publicação de artigos científicos produzidos a partir dos nossos grupos de pesquisa. Mas é necessário avançar no conhecimento interno, isso quer dizer, mapeamento de competências para definição de áreas temáticas estratégicas internas que estejam alinhadas ao financiamento interno, com participação externa. É dessa forma que está sendo discutido com a Fapesb, o investimento em recurso direto da Universidade para pesquisa, com contrapartida, em proporção de um para um, e que esteja colocado à disposição da comunidade acadêmica através de editais internos, diferente da forma como a Universidade vem financiando internamente a pesquisa até aqui, que é com demanda contínua e com temáticas abertas. Isso quer dizer que precisamos definir com clareza as áreas estratégicas internas de pesquisa, porque o Estado define áreas estratégicas estaduais e as financia, através principalmente da Fapesb; a Federação também define áreas estratégicas e fazem esse financiamento através dos editais nacionais. É importante que nós também tenhamos as áreas estratégicas internas que se dêem pelas necessidades e problemas existentes nessa região e possam, dessa forma, dar finalidade a uma política interna de pesquisa consequente com o necessário financiamento. E, da mesma forma, precisamos fazer integração de sistemas e dar agilidade aos processos de aquisição de insumos e de equipamentos voltados para pesquisa. Temos investido na capacitação de pessoal, vamos fazer incorporação de novos servidores técnico-administrativos voltados para esse processo de gestão de meios para a pesquisa, e temos certeza de que vamos comemorar com uma nova e mais ágil forma de apoiar a pesquisa na Universidade. 

NW - Reitora, qual a sua opinião com relação à implantação da Universidade Federal no Sul da Bahia (UFSBA)?

AP - 
O posicionamento nosso, e que tem a chancela do Consu e do Consepe, porque foi objeto de discussão e de elaboração de um documento conjunto dos dois conselhos, sinaliza a necessidade da implantação da Ufsba se fazer olhando para a competência já instalada na UESC, para que não tenhamos em momento nenhum, nem no momento de implantação, nem nos que se seguirão, nenhuma disputa, nenhuma competição que deixe de trazer benefícios à população, à sociedade. É dessa forma que tenho balizado a minha inserção e a dos representantes da UESC. Agora, no dia 3 de agosto, estivemos presentes na UFBA para sermos apresentados ao projeto político-pedagógico da Ufsba, e o convite foi feito pela UFBA, que é a instituição tutora de implantação da Ufsba, e nele já contém um chamamento para o apoio das universidades que foram convidadas no processo de implantação da nova instituição. Com a Ufsba, a região ganha muito porque tem a implantação de mais um aparelho formador, uma instituição universitária da esfera federal que vem certamente cumprir sua missão sinalizada claramente para o desenvolvimento através do ensino, da pesquisa e da extensão. Mas é claro que não enxergamos que essa implantação venha trazer disputa, seja de recursos de financiamento, seja de duplicação de investimento público. Então, ganhamos muito com a Ufsba e precisamos agregar toda capacidade e competência que nós já temos, as oportunidades que nós já oferecemos, e ampliar as oportunidades de estudo, de pesquisa e de extensão oferecidas à nossa população. 

NW - A UESC tem desenvolvido um programa de intercâmbio acadêmico-científico com instituições estrangeiras. Como tem sido essa experiência?

AP -
Temos trabalhado de forma bastante intensa no intercâmbio estudantil internacional, seja através do Ciências sem Fronteiras, seja através de ações internas, mesmo que com o apoio externo, e aí cito ações importantes, como o programa de licenciaturas internacionais que foi desenvolvido a partir da integração da UESC com o Grupo de Coimbra, com a Universidade de Coimbra. Nesta ação colocamos 10 estudantes, por dois anos, e eles estão voltando agora, e devo recebê-los aqui na Universidade. Outro exemplo é o programa Bramex (Brasil/México), também construído a partir da integração da Universidade ao Grupo Coimbra e instituições de ensino superior do México. Já recebemos, no semestre 2012.1, estudantes do México, e em 2012.2, estamos encaminhando estudantes da Universidade. Mas é necessário trabalharmos pela regulamentação interna do intercâmbio estudantil, nacional e internacional. Temos feito já investimento em equipe e integração entre pró-reitorias, porque, muito além do intercâmbio estudantil internacional, nós precisamos pensar na internacionalização da UESC, que vai além do intercâmbio estudantil e envolve também o intercâmbio de professores, de estudantes de pós-graduação. É necessário que tenhamos, portanto, investimento em uma segunda língua, e isso é uma necessidade, mas também uma fragilidade da Universidade, digo, do Brasil. E cito o exemplo do excesso de demanda que o programa Ciências sem Fronteiras teve em candidaturas para Portugal e Espanha. Não é à toa. Mas porque a língua espanhola é mais próxima, é mais fácil o seu domínio, e em Portugal estamos falando da mesma língua, então não há barreira da língua que temos para outros países. Exatamente pensando na nossa participação no Ciências sem Fronteiras e em outros programas, e também na internacionalização da Universidade, é que se faz necessária a discussão interna e colocarmos à disposição da comunidade acadêmica oportunidade do exercício de construção do domínio de uma segunda língua. Quero comemorar o ano de 2013 com a implantação de ações voltadas nesse sentido. 

NW - E no plano estadual, professora, qual a possibilidade de intercâmbio e cooperação entre as instituições de ensino superior públicas da Bahia? 

AP -
Mencionei no início dessa entrevista a realização da 3ª Reunião de Reitores das Instituições de Ensino Superior Públicas da Bahia e um dos pontos de discussão foi exatamente o intercâmbio estudantil. Entre as estaduais isso já vinha sendo discutido, há algum tempo, e já está tramitando entre as reitorias das quatro universidades uma minuta de regulamentação para esse intercâmbio. Então, também é importante essa integração. Em países que aderiram ao Tratado de Bolonha, essa mobilidade do estudante se faz mais facilitada por conta da estruturação do ensino superior em ciclos e com a facilidade do aproveitamento de estudos e, ao mesmo tempo, uma estruturação, principalmente na Comunidade Europeia, da forma como esses estudantes transitam entre uma instituição e outra. No Brasil nós não temos isso e não temos igualdade de formação; temos Diretrizes Nacionais Curriculares que falam que um curso deve formar, mas as unidades curriculares não são padronizadas. Isso traz alguma dificuldade na mobilidade desses estudantes, mas o que não é intransponível. Deve ser cuidado e devemos, obviamente, no menor tempo possível, ter essa regulamentação que permita ao estudante poder transitar e ter experiências formativas em mais de uma instituição, sejam instituições do próprio Estado, do país ou de fora do país. É uma experiência na formação importante que vem a agregar competências ao estudante, sujeito em formação, e que o coloca de forma diferenciada no mundo do trabalho, quando ele conclui o curso de graduação. 

NW - Com relação à nova Lei de Acesso à Informação Pública, quais medidas a UESC adotou para ampliar o nível de transparência de seus dados e informações?

AP -
Não podemos deixar de destacar que este é um processo ao qual aderimos não somente por força da lei, mas também pela compreensão que estamos numa instituição pública e é exatamente à sociedade que devemos prestar contas. Dessa forma que foi colocado na página inicial da Universidade o ícone ligado à Lei de Acesso a Informação Pública e que, ao clicar nesse ícone, você já tem de forma sistematizada o conjunto de informações que se coloca à disposição da sociedade. Fizemos isso em maio, portanto, fomos uma das primeiras instituições a colocar o ícone e as informações disponíveis, mas certamente ainda temos muito a construir, aprimorar, a facilitar e colocar mesmo de forma transparente aquilo que fazemos, da forma como fazemos, à disposição da sociedade. 

NW – Professora Adélia, antes de encerramos a entrevista, deixamos à disposição para sua mensagem à comunidade acadêmica.

AP-
Na verdade, gostaria de me dirigir à comunidade acadêmica e fazê-lo quando estou prestes a completar seis meses à frente da reitoria da Universidade, destacando e reafirmando os compromissos que tenho à frente da instituição pública, mas também ressaltando que esse trabalho se faz a partir de todos que participam e que fazem parte da Universidade Estadual de Santa Cruz. Ao mesmo tempo, colocar-me à disposição da comunidade acadêmica para juntos construirmos e perseguirmos a missão da Universidade através das nossas ações finalísticas, reafirmando e consolidando o papel da Universidade e a qualidade daquilo que fazemos. Muito obrigada.


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