METODOLOGIA

 

As várias interpretações sobre brasilidade estiveram comprometidas com pré-conceitos, em discursos que legitimaram a exclusão. A diversidade cultural do Brasil, por outro lado, através de sua produção artística, acena, hoje, no mundo globalizado, na esteira da resistência/negociação do local. Contrária, portanto,  ao modelo impositivo do imperialismo, quando caracterizava o nativo  sempre pela falta e não por seu modo de estar no mundo.
O projeto Coisas do gênero: Patrimônio e Cultura, ao trabalhar com obra de Jorge Amado, ambientadas na Bahia, encontra-se em uma perspectiva de representação que se contrapõe àquela que esteve, quase sempre, comprometida com uma única cartografia, tanto geográfica quanto cultural, de ver o mundo, ancorada em dados auto-referenciais, que justificaram toda sorte de arbítrio do europeu sobre o autóctone. Endossando esse preceito, as várias formas de interpretação da brasilidade contaram com componentes étnicos, sociais e econômicos, dependendo do enfoque aceito, tomando contornos, ora envoltos em preconceitos, como foi o caso do cientificismo do século XIX, ora, valendo-se do aparato de legitimação, suavizavam a exclusão, fazendo com que esta tomasse aparência de conciliação, como ocorreu, por exemplo, com Gilberto Freyre, acerca de democracia racial. Isso para não falar de abordagens de Nina Rodrigues, Silvio Romero ou mesmo de Joaquim Nabuco, enquanto explicadores nacionais, altamente comprometidos com o etnocentrismo.
O projeto empreenderá a investigação bibliográfica para que o referencial teórico e o literário possam ser operacionalizados em ações coordenadas. Para tanto, será realizada uma pesquisa teórico-crítica, em que os preceitos do Compatativismo, do Pós-Colonialismo e dos Estudos Culturais, de certa sorte, próximos em seus paradigmas, serão utilizados, na medida em que esses se propõem a desierarquizar fronteiras epistemológicas e disciplinares, fazendo com que a multidisciplinaridade se instaure na busca de soluções.
Para que os objetivos sejam alcançados, procurarei elaborar um conceito híbrido de nação, a partir da contribuição dos Estudos Culturais, quando problematizam a questão da hierarquização das produções de cultura e, ao mesmo tempo, identificam relações estreitas entre a produção artística, de um modo geral, e as outras instâncias de poder.
Se a economia globalizada insiste em uniformizar modos de ver e existir, a literatura e a diversidade cultural de países como o Brasil podem ensejar a prática do turismo cultural, enquanto produção de sentido que veicula bens simbólicos imateriais, como atrativo da cultura local. A construção imaginária da nação, pensada a partir de uma fatura não-hegemônica, impõe-se, portanto, como um outro modo interpretativo, em uma clivagem substitutiva ao dado colonizador, uma vez que não almeja por sínteses definitivas, ou mesmo por identidades estáveis. Nesta perspectiva, a cultura local coloca-se proporcionando uma alteração cartográfica, que leva em conta a ressemantização de sentido, feita esta pela tomada da palavra em várias práticas enunciativas da mulher colonizada.

 

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